Programas Pé-de-Meia visam mudar o cenário da educação do país; entenda as diferenças

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Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

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Pouco tempo depois de lançado o Pé-de-Meia, para estudantes do ensino médio, foi criada a variação para licenciaturas. Enquanto um pretende acabar com a evasão, o outro busca prevenir um apagão de professores no país

 

 

 

A evasão escolar de estudantes do ensino médio no país gira em torno de meio milhão ao ano, de acordo com pesquisa divulgada pela Firjan, em parceria com a PNUD. Para tentar equacionar o problema, o governo federal lançou, ainda em 2024, o Pé-de-Meia, iniciativa que oferece um auxílio mensal para incentivar a conclusão dos estudos. Na mesma linha, no início de 2025, dentro do programa Mais Professores, foi lançado o Pé-de-Meia Licenciaturas, que tem o objetivo de atrair os estudantes do ensino superior para a carreira de docente.

 

“As duas modalidades do Pé-de-Meia revelam um esforço relevante do governo para enfrentar os desafios da educação básica e superior. No entanto, é fundamental que os critérios e objetivos de cada programa estejam claros para garantir que os benefícios cheguem de forma eficiente aos públicos a que se destinam”, avalia o presidente do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR), Haroldo Andriguetto Junior.

 

Ambas as iniciativas visam melhorar a qualidade da educação, mas atendem públicos diferentes. O Pé-de-Meia foca estudantes do ensino médio, enquanto a versão para licenciaturas busca futuros professores com bom desempenho no Enem. Na remuneração, os pagamentos do Pé-de-Meia são efetuados em parcelas ao longo do ano letivo, com valores adicionais para aqueles que concluem o ensino médio. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), 4 milhões já foram beneficiados.

 

No Licenciaturas, o pagamento é de uma bolsa mensal de R$ 1.050, sendo R$ 700 disponíveis para saque imediato e R$ 350 depositados em uma poupança, que poderá ser resgatada após a conclusão do curso, caso o estudante ingresse na rede pública de ensino em até cinco anos. O impacto do incentivo já começa a aparecer: em 2025, o Sisu registrou um aumento de 23% no número de candidatos a cursos presenciais de licenciatura em comparação com 2024.

 

Para participar do Pé-de-Meia, os estudantes precisam estar matriculados no ensino médio público e ser beneficiários do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Para fazer parte do Pé-de-Meia Licenciaturas, é preciso, cumprir exigências do edital da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), além das regras do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Programa Universidade para Todos (Prouni) ou do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

 

Mais professores

 

Além do Pé-de-Meia Licenciaturas, o MEC prevê a implementação da Bolsa Mais Professores, um incentivo financeiro mensal de R$ 2.100 para docentes que atuarem em regiões e áreas com carência de profissionais a ser concedido por até dois anos. Também faria parte do Mais Professores um portal de formação docente, ainda sem previsão de lançamento, com cursos de formação inicial e continuada alinhados às necessidades dos docentes, para fortalecer o desenvolvimento profissional.

 

Para Andriguetto, no entanto, a carência de professores no Brasil não é apenas um problema do ensino superior. “É um reflexo de uma desvalorização que começa desde cedo”, acredita. “Para mudar esse cenário, precisamos sensibilizar nossos jovens e adolescentes, mostrar que ser professor é construir futuros, é transformar vidas, é deixar um legado duradouro”, finaliza.

 

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